terça-feira, 25 de maio de 2010

Lavagem. Part II

A propósito do meu último post, e em conversa com a minha amiga Sarinha, questionei a minha própria afirmação '(..) é mais natural sentir do que pensar.'
Reconhecer e perceber as emoções é pensá-las, transformá-las em sentimentos. Sentir é pensar.
Sim, sou um mar de contradições. Ou talvez não. Gosto de me repensar, não me envergonho de corrigir algo que disse, escrevi e/ou senti.

Lavagem.

Escrever lava-me a alma. Dizia-o agora em conversa no émiéssiéne.
Toda a gente tem algo que lhes lava a alma, um secret place onde desembocam todas as palavras, todos os sentimentos antes de serem palavras. Transformar o que se sente em palavras é um processo extraordinário mas nem sempre tão natural, é mais natural sentir do que pensar. E não o contrário.
At least for me.

O Grito

O grito ecoou na madrugada celestial.
As ruas vazias encheram-se de palavras ocas, silenciosas, multidões de gestos sem sentido. Mas esse grito, O GRITO, permaneceu intocável num solo ensaiado de luzes negras.
A noite é palco desse grito interior, O GRITO, solto a vozes nulas de um segredo sem fim.

"We're so miserable and stunning." Fall Out Boy

Gastou o soneto
no papel da canção.
Gastou a
canção
na voz a multidão.
Gastou a
multidão
no deserto da solidão.
Gastou a solidão,
não pagou um tostão.
Na voz da solidão,
fez-se ouvir
fez do soneto
canção,
e
multidão.